domingo, 30 de dezembro de 2007

Torvalds Fala sobre Futuro do Linux

Em entrevista feita por James Buchanan, Linus Benedictus Torvalds fala sobre o que pensa acerca do sistema operacional criado e mantido por ele. Na conversa o entrevistado também responde a perguntas referentes a Kernel, Open Source, Distribuições, Fabricantes de Hardware e Hobbies.

Linus sempre gostou de trabalhar em baixo nível de programação. Construir um Cerne de sistema operacional seria o limite disso, pois assim o programador entra em contato direto com a CPU e vê como os programas realmente interagem com o sistema físico e seus componentes. Quando começou com o Linux, ele já trabalhava numa empresa de hardware havia pelo menos sete anos. Só que ele não sabia o quão difícil seria construir um cerne.

Para ele a Fundação Linux é uma conbinação dos Laboratórios de Desenvolvimento Open Source e do Grupo para Padronizações Livres. É, ainda, um local onde diferentes organizações discutem suas questões, ajudando o Linux de tabela. É também quem paga ao Linus pela manutenção do kernel.

Ele trabalha o tempo todo no cerne, mas não em uma parte específica deste. No entanto, acaba passando a maior parte do tempo juntando códigos, e não escrevendo o kernel propriamente. Os códigos que escreveu nos últimos 2 anos foram para criar uma ferramenta para auxiliá-lo na tarefa de desenvolvimento do cerne, o GIT (ele fala sobre essa ferramenta numa palestra da Google). Anda escreve códigos, mas o que faz mais é dizer "sim" ou "não" sobre as alterações implementadas por outros programadores.

O kernels custumam passar por um tempo de maturação, em que são aperfeiçoados pelos usuários. O de versão 2.6 está na ativa tem um bom tempo, mesmo assim Linus descarta a necessidade de criar versões atrás de versões, chegando assim numa provável 3.0. O processo de desenvolvimento a partir da versão 2.6 foi melhorado de maneira que a base do kernel se encontra bem estruturado, e não necessita de coisas do tipo "mudar tudo". Com isso, ao invés de existirem ciclos de 3 anos de maturação de uma versão, bastam apenas 3 meses para tal. Há uma maior participação dos vendors de kernel. E disso se beneficiam tanto os cernes em desenvolvimento quanto os vendors. Todo mundo sai mais satisfeito. Este modelo de evolução continua, apesar das tentações de se construir algo que pareça realmente "radical". Isso significa a base de código do 2.6 segirá sendo melhorada. O Linux não precisa de um departamento de marketing que crie nomes atraentes para suas versões de cerne, como Fedora ou Feisty. Isso deve ficar com as distribuições.

Não esperamos ter a necessidade de chegar em uma versão 3.0. Estamos introduzindo grandes características sem provocar impactos na base do código, e sem prejudicar as velhas e boas funcionalidades. Deste modo, o kernel evolui da melhor forma possível, sem o intermédio de um departamento de marketing querendo iludir o usuário final.

Linus acha interessante que outras ramificações de seu sistema operacional, tidas como experimentais, surjam por outros lugares. Ele até as encoraja, visto que essas iniciativas fortalecem o desenvolvimento de opções open source, fortalecem inclusive ao próprio Linux, na medida em que parte dos códigos "experimentais" são absorvidos por este. Isso inclusive mostra que o projeto Linux está indo na direção certa. E que vença o melhor.

O advento do GNU/Linux afetou o mundo dos S.Os bastante. Em maior medida o Linux foi o instrumental para a efetivação do Open Source. Depois de seu surgimento os projetos Open Source passaram a ser vistos de outra maneira. Linux trouxe uma abordagem pragmática daquilo que se chamava de "softrare livre". E transformou esse conceito, que era apenas uma ideologia, em algo tecnicamente superior. Linus não gosta de ideologias, cada um deve pensar por si. Apenas quer que o Open Source gere melhores processos de implementação de tecnologias complexas. Ele considera que o tratamento pragmático é o que faz o Linux e o Open Source mais agradável a cada vez mais pessoas, e ajuda a mantê-los na frente.

Programadores independentes podem contribuir de maneira considerável se trabalharem em aspectos específicos do kernel. Começar um do zero não é recomendado. Qualquer participação é importantíssima, já que é isso que dá ao Linux um caráter colaborativo. Fazer algo sozinho fará o programador desistir antes de chagar a algum lugar.

Existe uma tendência dos fabricantes de hardware apoiarem o projeto ao liberarem as especificações de seus produtos. Apesar haver uma certa resistência por parte de alguns casos particulares. Espera-se da comunidade evitar tais fabricantes.

Alguns efeitos "sociais" estão surgindo, entre eles a doação de computadores usados em países do terceiro mundo e a distribuição gratúita de pacotes de software completos. Isso surpreende as espectativas de Torvalds que tinha por objetivo principal proporcionar o desenvolvimento tecnológico. O que mais lhe orgulha.

Torvalds se orgulha em alguns aspectos, tais como: melhores algorítmos de gereniciamento de memória e melhor fluxo de controle de processos complexos como o kernel. Alguns podem discordar com esse ponto de vista, mas é o debate que faz as coisas interessantes.

A entrevista original e completa com Linus Torvalds pode ser acessada NESTE LINK. Leia se estiver interessado em coisas mais pessoais como: o que ele faz no tempo livre, como ele escolheu o pinguim como mascote e que distribuição que ele gosta de mais usar.

Fonte: APC Magazine

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